No início de 2020, com as viagens marcadas, festas agendadas e eventos confirmados, a ansiedade para rever os amigos e abraçar os entes queridos só aumentava. O que todos não esperavam é que os planos seriam interrompidos e muitos cancelados. Isolamento, máscaras e restrições sociais viraram parte da rotina dos brasileiros e junto veio a saudade. Mas, porque ela se tornou um sentimento tão forte neste período?<\/p>\n

Apesar de não ser algo clinicamente sério, é um sentimento que incomoda. De acordo com o psiquiatra especialista em depressão e transtorno bipolar formado pela Universidade de São Paulo, Giovani Missio, a saudade é um processo natural do ser humano e que, com certeza, pode desenvolver outros quadros psicológicos. "A saudade, ou melhor dizendo, aquilo que causa a saudade, pode sim fazer uma pessoa desenvolver um problema de saúde emocional. É um sentimento que se manifesta durante o processo de luto. É natural e fisiologicamente normal diante de uma perda ou afastamento de algo que gostamos, seja de uma pessoa, emprego ou até mesmo de uma fase da vida", explica o profissional.<\/p>\n

Segundo o médico, os sentimentos e emoções podem ser manifestações usuais ao longo da vida, como também podem ser indícios de problemas na saúde emocional. Nesse sentido, a saudade é um sentimento corriqueiro e esperado no processo de luto. Por outro lado, existem situações em que algumas emoções podem decorrer de problemas no funcionamento do cérebro, como em um luto patológico – causado em decorrência da saudade.<\/p>\n

Para a bancária, Eliana Goes Carrer, de 58 anos, durante os meses que passou isolada, ela se sentia muito insegura, preocupada e com muita saudade dos familiares. "Foi uma experiência muito difícil, porque eu sou do tipo de pessoa que gosta muito de estar ao lado de todos que amo. Jamais pensei que um dia ia passar por isso. Tivemos que mudar nossa vida de um dia para o outro e nos adaptar obrigatoriamente com essa mudança que foi tão brusca, de um dia para o outro".<\/p>\n

De acordo com a neurologista e especialista pela Academia Brasileira de Neurologia, Danielle Collina, essa situação vivida por Eliana tem uma explicação. Danielle conta que a saudade pode se iniciar em poucos segundos após o convívio com a "coisa" amada e pode durar dias, meses e até mesmo anos. <\/p>\n

A médica afirma que é necessário que o paciente esteja atento, uma vez que essa emoção pode levar a estados de melancolia – podendo desencadear até mesmo quadros depressivos e transtorno de ansiedade generalizada – além de causar sintomas físicos, como irritação e insônia. "A saudade não é 100% boa e nem 100% ruim. Ela começa a ser prejudicial quando a pessoa fica desmotivada e passa a interferir na vida da pessoa. Quando a saudade começa a interferir no cotidiano, esse é o momento de procurar ajuda profissional", explica Daniella.<\/p>\n

Apesar disso, o lado positivo da saudade é que ela permite que o paciente reforce o vínculo com pessoas queridas e ela também fortaleça o indivíduo. Ao sair de sua zona de conforto, a pessoa tem de se adaptar e desenvolver novas habilidades, sendo essa uma atividade extremamente benéfica para a saúde cerebral.<\/p>\n

"Vamos vencer. Sabemos que não é fácil mas, teremos muitas histórias para contar no futuro, mesmo sabendo que essa experiência que estamos vivendo não está sendo nada fácil. Com sabedoria e muita paciência vamos passar por isso logo", conta Eliana Goes Carrer, com muita positividade. <\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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