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Viktor Nespolo (à direita na foto acima) se apresenta com seu nome desde os 21 anos. Hoje, aos 25, avalia que o processo de alteração de documentos melhorou e acredita que avanços jurídicos ofereceram mais dignidade às pessoas trans. Por outro lado, ainda há grandes dificuldades no mercado de trabalho. <\/p>\n

“Aos 17 anos eu já sabia que queria viver como Viktor e a questão da empregabilidade era o que mais me preocupava. Na minha cabeça, se eu me tornasse um profissional necessário, que as empresas precisam contratar, eu teria a seguridade de emprego”, conta.<\/p>\n

Segundo estudo da plataforma #VoteLGBT,<\/a> 1 a cada 5 pessoas trans estava desempregada em 2021. Quando se trata de insegurança alimentar, os números são ainda piores: 50% dos transgêneros tiveram menos que o necessário para comer no ano passado.<\/p>\n

Outro ponto importante para Nespolo, que começou a pensar no processo de alteração de documentos em 2014, eram os gastos jurídicos. Por isso, foi tão marcante a medida do TSE que permitiu, em 2018, que pessoas transgênero tivessem seu nome social no título de eleitor.<\/p>\n

“A espera pela alteração de nome nos documentos passou de meses para dias e o valor para fazer o processo direto no cartório se tornou muito mais acessível. Ainda não é o processo mais democrático que poderíamos ter, mas já está bem mais próximo da realidade das pessoas”, explica.<\/p>\n

Para Nespolo, a questão da rejeição no mercado de trabalho tem muito a ver com a identificação da pessoa como transgênero. Ele percebe que, quando traços andróginos não são identificados e a pessoa tem documentos que se referem a ela pelo nome e gênero designado, a contratação é consideravelmente facilitada.<\/p>\n

O jovem, que trabalhahá seis meses como desenvolvedor front end, entrou no mercado de tecnologia pelo alto nível de absorção dos profissionais. Além disso, há a predominância de pessoas mais próximas a sua geração, que ele acredita serem mais receptivas às questões de diversidade. <\/p>\n

Embora esteja empregado em uma área que lhe agrada, esse ainda não é o caminho que ele preferia. Nespolo, que já havia passado pela faculdade de Matemática Aplicada, agora presta o vestibular novamente para ingressar no curso de Física e seguir seu sonho na carreira acadêmica.<\/p>\n

Ele destaca ainda a importância de iniciativas que fazem a diferença na vida de pessoas trans, como o Centro de Referência LGBT de Campinas, que lhe deu suporte psicológico e informacional, e outras, a exemplo o TransEmpregos, um banco de currículos e vagas especificamente para indivíduos trans. <\/p>\n

“Eu acho que, apesar de parecer que o mundo todo está contra a gente, ainda existem espaços em que podemos viver sem precisar ceder quem a gente é”, completa.<\/p>\n

O barista Dênis Barros (à esquerda na foto acima), 28 anos, acredita que teve sorte no mercado do trabalho. Abraçou a profissão ao fazer um curso logo ao terminar o ensino médio. Começou como garçom em cafeteria e em pouco tempo já manipulava o grão moído atrás do balcão. “Adquiri muito conhecimento e conheci pessoas que me ajudaram a entrar em outros empregos. Atualmente estou muito feliz no meu trabalho, pois estou com pessoas que acolheram a minha transição. Estou aqui há quase seis anos”.<\/p>\n

Dênis considera que quanto mais masculina for sua aparência menor o preconceito. “Já estive uma aparência mais feminina e eu tinha que convencer as pessoas que elas estavam erradas”. À medida que seu corpo e seu rosto mudaram com o tratamento hormonal e sua barba cresceu, o problema acabou. Mas ele acha isso injusto. “Eu quis ter essa aparência masculina, mas não acho que deveria ter essa obrigatoriedade, se tem um homem trans que não está a fim de ter uma barba, a sociedade não tem que cobrar isso dele”.<\/p>\n

Importância das casas de acolhimento na empregabilidade de pessoas trans<\/strong><\/p>\n

A Casa Florescer, criada em 2016 e localizada em São Paulo, acolhe mulheres transexuais e travestis que se encontravam em situação de violência e vulnerabilidade. Alberto Silva, o gestor, explica o papel do espaço na vida profissional dessas mulheres. “Quando elas chegam até a casa, precisam de ajudas diversas e plurais, ligadas à questão de saúde e ao sonho de um trabalho. Só que para você estar bem colocada no mercado, você precisa estar conectada com a questão da educação. Então, é importante fazer esse trabalho de saúde física e mental e articulação mais potente com o corporativo, para que essa mulher consiga voltar a estudar e consequentemente, se capacitar. O que elas mais precisam é de carinho, atenção, olhar humano”.<\/p>\n

Ele ressalta a importância de ouvir a história de cada pessoa: “É preciso ter uma escuta mais qualificada. Consequentemente, o trabalho começa a ser desenvolvido, no sentido das empresas nos procurarem e oferecerem treinamentos internos ou externos e cursos gratuitos. Nesses cinco anos e dez meses de atuação, mais de 147 mulheres foram colocadas no mercado de trabalho, de um grupo de quase 550 que já passaram pelo espaço”<\/p>\n

“<\/em>A fala sobre visibilidade trans precisa ocorrer todos os dias, em todos os momentos, porque quando falamos desse assunto, conseguimos fazer com que a vida de alguém seja mais feliz”, Alberto Silva.<\/p>\n

Conheça mais da Casa Florescer aqui <\/a><\/p>\n

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3 artistas para conhecer<\/strong><\/p>\n

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Linn da Quebrada<\/strong><\/p>\n

“Eu vejo a minha música como algo que me conecta a mim mesma, como um feitiço, como um manifesto, como denúncia, como ponte”<\/em>.  <\/p>\n

Lina Pereira dos Santos, conhecida como Linn da Quebrada, é uma cantora, atriz e ativista travesti. Em 2017, ela ganhou destaque com a música “Enviadescer” e desde então, lançou sucessos pop com críticas sociais como "Tomara" e “Necomancia” . Atualmente, Linn participa do Big Brother Brasil 2022.<\/p>\n

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