Foto: Camarote Fanzone<\/p>\n

Em junho de 1995, a carreira de Alanis Morissette mudou para sempre. Naquele per\u00edodo, a cantora disponibilizou seu terceiro \u00e1lbum de est\u00fadio, \u201cJagged Little Pill\u201d, que inclui os seus maiores sucessos at\u00e9 hoje e que consolidou sua m\u00fasica mundo afora. N\u00e3o \u00e9 \u00e0 toa que \u00e9 considerado pela revista Rolling Stone o 69\u00b0 melhor disco da hist\u00f3ria.<\/p>\n

Por isso, era impens\u00e1vel n\u00e3o celebrar o anivers\u00e1rio de uma obra t\u00e3o importante, n\u00e3o s\u00f3 para a trajet\u00f3ria da canadense, mas para toda uma legi\u00e3o de f\u00e3s, que viu-se abra\u00e7ada pelos sentimentos de solid\u00e3o, raiva e honestidade exprimidos no projeto.<\/p>\n

Sendo assim, a cantora decidiu marcar os 25 anos do trabalho com uma turn\u00ea – realizada com certo \u201catraso\u201d devido \u00e0 pandemia. Na \u00faltima ter\u00e7a-feira (14), a artista voltou ao Brasil pela primeira vez desde 2012 e trouxe seu show comemorativo para S\u00e3o Paulo, no Allianz Parque, onde cantou para um est\u00e1dio completamente lotado e sedento. Sorridente, hiperativa e dona de uma voz poderosa, Alanis Morissette mostrou porque, mesmo tanto tempo depois, seu trabalho continua relevante.<\/p>\n

\u00c0s 19h30, ap\u00f3s uma intro simulando uma grava\u00e7\u00e3o de telefone com o produtor Rafael Ramos, Pitty subiu ao palco, como atra\u00e7\u00e3o de abertura. O show tamb\u00e9m tinha um car\u00e1ter semelhante ao da estrela da noite, j\u00e1 que comemorava os 20 anos do \u00e1lbum \u201cAdmir\u00e1vel Chip Novo\u201d. M\u00fasicas como \u201cTeto de Vidro\u201d, \u201cM\u00e1scara\u201d, \u201cEqualize\u201d e \u201cEmboscada\u201d fizeram parte do setlist.<\/p>\n

Por mais de uma vez, a brasileira agradeceu \u00e0 presen\u00e7a do p\u00fablico e disse estar emocionada e honrada pela ocasi\u00e3o. Tamb\u00e9m destacou como era importante ressignificar suas pr\u00f3prias faixas e traz\u00ea-las para o presente e pronunciou, em ingl\u00eas mesmo, um \u201cBrasil loves you Alanis, you\u2019re welcome\u201d. Acompanhada de Martin Mendon\u00e7a (guitarra), Paulo Kishimoto (baixo) e Jean Dolabella (bateria), a cantora – que tamb\u00e9m tocou pandeiro, guitarra e pratos de m\u00e3o – quase pediu uma roda para \u201cMem\u00f3rias\u201d, mas brincou sobre a \u201conda\u201d parecer mais contemplativa, e chegou a ser ovacionada no bis, depois de \u201cNa sua Estante\u201d – encerrando sua participa\u00e7\u00e3o \u00e0s 20h30, com \u201cMe Adora\u201d e, por fim, \u201cTiny Dancer\u201d nas caixas de som.<\/p>\n

Ent\u00e3o, com cerca de 10 minutos de atraso, \u00e0s 21h10, Alanis Morissette anunciou sua chegada com uma impactante introdu\u00e7\u00e3o. Um v\u00eddeo, com v\u00e1rias imagens da canadense em premia\u00e7\u00f5es, entrevistas, programas de TV, atuando e sendo referenciada por outros artistas (inclusive cantando com Taylor Swift na \u201c1989 World Tour\u201d, em 2015), apareceu nos tel\u00f5es, at\u00e9 que \u201cAll I Really Want\u201d come\u00e7asse.<\/p>\n

Puxando seu microfone de fio, com os longos cabelos castanhos voando e vestindo um sobretudo preto brilhante, Alanis entrou em grande estilo, sendo recebida de bra\u00e7os abertos pelo p\u00fablico brasileiro, independentemente da fina chuva que ca\u00eda. Logo depois, tirou o casaco (revelando uma cal\u00e7a de couro preta e um camiset\u00e3o da mesma cor escrito Family) e, em uma das raras intera\u00e7\u00f5es diretas, afirmou que era \u201cmuito bom estar de volta, sentimos muita falta de voc\u00eas\u201d.<\/p>\n

As falas ficaram limitadas \u00e0 apresenta\u00e7\u00e3o da banda – formada por Michael Farrell (teclado), Jason Orme (guitarra), Cedric LeMoyne (baixo), Victor Indrizzo (bateria) e Julian Coryell (guitarra) -, \u201cobrigada\u201d (em portugu\u00eas e ingl\u00eas) e \u201ccomo voc\u00eas est\u00e3o?\u201d, mas nem por isso, Morissette parecia distante. Na verdade, os longos sorrisos, os movimentos por todo palco (que envolveram at\u00e9 rodopios em \u201cSmiling\u201d e \u201cUninvited\u201d) e a preocupa\u00e7\u00e3o em entregar um desempenho vocal impec\u00e1vel – destacados em \u201cEverything\u201d e \u201cPerfect\u201d – confirmaram o carinho dela com os presentes.<\/p>\n

Todo \u201cJagged Little Pill\u201d foi executado na \u00edntegra. Ao longo do set, ela ainda tocou gaita mais de uma vez, pegou o viol\u00e3o em \u201cHead Over Feet\u201d (claro, com toda plateia fazendo o sinal de paz) e arriscou na guitarra em \u201cWake Up\u201d. P\u00edlulas intimistas de certas m\u00fasicas, parecidas com interludes, tamb\u00e9m ganharam espa\u00e7o e atuaram como momentos de menor intensidade. A ilumina\u00e7\u00e3o, apesar de discreta, ganhou tons azuis vibrantes e de longo alcance em m\u00fasicas como \u201cMary Jane\u201d e \u201cAblaze\u201d – que, vale mencionar, disp\u00f4s de uma homenagem aos filhos da cantora no tel\u00e3o.<\/p>\n

No fim das contas, a fam\u00edlia acabou constantemente lembrada durante o set. Em \u201cYou Learn\u201d, por exemplo, a artista mudou a letra da ponte, para citar a idade de todos os filhos. J\u00e1 em \u201cMary Jane\u201d, fotos dela gr\u00e1vida inundaram as telas – justamente nos versos \u201cI hear you’re losing weight again, Mary Jane, do you ever wonder who you’re losin’ it for?\u201d.<\/p>\n

\u00c9 imposs\u00edvel n\u00e3o elogiar a performance de \u201cIronic\u201d. Tamanha \u00e9 a for\u00e7a do hit que a Alanis deixou os f\u00e3s cantarem toda a primeira parte sozinhos. Enquanto isso, imagens de arquivo eram transmitidas nos tel\u00f5es, trazendo muita como\u00e7\u00e3o. Isso porque os v\u00eddeos inclu\u00edam registros da cantora com Taylor Hawkins, baterista do Foo Fighters falecido em mar\u00e7o do ano passado e membro de sua banda entre 1995 e 1997, quando participou da \u201cCan’t Not Tour\u201d. Uma foto mais recente do m\u00fasico, com o caracter\u00edstico sorriso e energia radiante, inundou todo Allianz Parque com os dizeres: \u201cIn Memory of Taylor Hawkins\u201d.<\/p>\n

Entrando no bis, \u201cIn Your House\u201d teve uma certa \u201cbrincadeirinha\u201d. Alanis parava a todo instante a faixa para retom\u00e1-la em diferentes estilos musicais. Ela passou pelo jazz, reggae e soltou a voz acapella. Seguindo, \u201cUnivited\u201d contou com a arena iluminada pelas lanternas de celulares e \u201cThank U\u201d, com tweets em portugu\u00eas sobre gratid\u00e3o acompanhados da hashtag #ThankUJLP25 e da mensagem \u201cThank You S\u00e3o Paulo\u201d, ficou respons\u00e1vel por encerrar a noite hist\u00f3rica.<\/p>\n

Por alguns segundos, Alanis ficou com as m\u00e3os juntinhas, olhando o p\u00fablico de maneira encantada. Soltou um \u201cI love you so much\u201d genu\u00edno, antes de sair, depois de 1h40 de pura entrega, emo\u00e7\u00e3o, nostalgia, afina\u00e7\u00e3o, talento, hits e, com certeza, j\u00e1 saudades de novo por parte dos f\u00e3s.<\/p>\n

Setlist:<\/p>\n

1.\u00a0 \u201cAll I Really Want\u201d
\n2. \u201cHand in My Pocket\u201d
\n3. \u201cRight Through You\u201d
\n4. \u201cYou Learn\u201d
\n5. \u201cHands Clean\u201d (trecho)
\n6. \u201cForgiven\u201d
\n7. \u201cEverything\u201d (trecho)
\n8. \u201cMary Jane\u201d
\n9. \u201cDiagnosis\u201d (trecho)
\n10. \u201cReasons I Drink\u201d
\n11. \u201cHead Over Feet\u201d
\n12. \u201cSo Unsexy\u201d (trecho)
\n13. \u201cAblaze\u201d
\n14. \u201cNemesis\u201d (trecho)
\n15. \u201cPerfect\u201d
\n16. \u201cLosing the Plot\u201d (trecho)
\n17. \u201cWake Up\u201d
\n18. \u201cNot the Doctor\u201d
\n19. \u201cIronic\u201d
\n20. \u201cSympathetic Character\u201d (trecho)
\n21. \u201cSmiling\u201d
\n22. \u201cI Remain\u201d (trecho)
\n23. \u201cYou Oughta Know\u201d
\n24. \u201cYour House\u201d
\n25. \u201cUninvited\u201d
\n26. \u201cThank U\u201d<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Foto: Camarote Fanzone Em junho de 1995, a carreira de Alanis Morissette mudou para sempre. Naquele per\u00edodo, a cantora disponibilizou seu terceiro \u00e1lbum de est\u00fadio, \u201cJagged Little Pill\u201d, que inclui os seus maiores sucessos at\u00e9 hoje e que consolidou sua m\u00fasica mundo afora. N\u00e3o \u00e9 \u00e0 toa que \u00e9 considerado pela revista Rolling Stone o […]<\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":44339,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_joinchat":[],"footnotes":""},"categories":[160,89],"tags":[],"class_list":{"0":"post-44308","1":"post","2":"type-post","3":"status-publish","4":"format-standard","5":"has-post-thumbnail","7":"category-coberturas","8":"category-noticias"},"yoast_head":"\n