Por: Vanessa Rabello
De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer, centro de referência no tratamento de neoplasias, cerca de 66 mil pessoas no país são diagnosticadas com o câncer de mama. Simbolizado internacionalmente para a conscientização do diagnóstico precoce da doença, o mês de outubro, conhecido como Outubro Rosa, é o momento em que o assunto é abordado em larga escala.
O câncer de mama é o segundo tipo que mais acomete brasileiras, representando em torno de 25% de todos os cânceres que afetam o sexo feminino. Mas a doença pode ser curada e, quanto mais cedo for detectada, mais fácil a cura.
Vânia Meira Castanheira, autora do livro “O câncer foi a minha cura”, descobriu a doença aos 31 anos. Ao sentir um nódulo grande na mama, ao tirar o soutien, ela desconfiou do problema. “Três semanas antes fiz um ultrassom mamário e não foi acusado nada”.
Hoje aos 39 anos, Vânia conta que fazia os exames anuais e observava o corpo, mas que não fazia o autoexame mensalmente com o propósito de detectar a doença. “Parecia mentira, não sentia que aquele diagnóstico combinava comigo. Parecia que a minha vida estava em ‘pause’, mas a minha volta continuava a correria de todas as outras pessoas”.
Foram 10 meses de tratamento, com duas cirurgias, 16 quimioterapias e 30 radioterapias. A autora teve um triplo negativo, forma de câncer de mama muito agressivo.
A advogada Mariza Lopes Rabello, de 66 anos, também se curou da doença. A descoberta foi em 2004, após um exame de rotina. Mariza conta que não desconfiava do câncer e que não fazia o autoexame com frequência.
Curada há 11 anos, a advogada fala sobre o tratamento. “Foram cinco anos com medicamento específico, cirurgia e radioterapia. A descoberta foi muito difícil, o medo foi muito grande”.
Suez Lanfranchi, aposentada de 58 anos, costumava se autoexaminar e fazer mamografia anualmente. Curada há 13 anos, o diagnóstico foi considerado precoce, seu nódulo media menos de 0,5 centímetro e o tratamento necessário foi a retirada e a biópsia de gânglios axilares. “Meu tratamento durou apenas o tempo da recuperação da cirurgia, como estava “in situ”, a minha cura foi rápida, felizmente”.
Lições após a cura
São muitas lições que podem ser tiradas após o diagnóstico a cura de uma doença grave. Mariza conta que aprendeu a valorizar as pequenas da vida, a otimizar o tempo e aceitar que todos tem problemas. “Encarem a doença de frente e sem desânimo. Com muita fé em Deus e na medicina, tudo isso já é 50% da cura”, aconselha.
Suez ressalta a importância da mamografia anualmente e o autoexame. “Nada na vida é tão importante que nos faça adiar o cuidado com a nossa saúde”.
Vânia sentiu a necessidade de compartilhar os aprendizados escrevendo seu livro para que outras pessoas não precisassem ter um diagnóstico grave para fazer mudanças na vida. “A vida é curta e frágil demais. Enquanto adultos, a única pessoa responsável pela nossa saúde somos nós mesmos”, ressalta.
A autora, que escreveu o blog “Minha vida comigo”, durante o tratamento ainda complementa dizendo que o que mudou para ela foi a forma de olhar para a vida, que deixou de ser um personagem secundário e passou a ser a personagem principal de sua história. “Depois do câncer eu queria viver e não apenas sobreviver”.
Como fazer o autoexame
Em pé de frente para um espelho, observe se há:
– líquido saindo do mamilo (não lactantes);
– tamanho ou formato alterado;
– mama inchada;
– vermelhidão ao redor do mamilo;
– coceira ou ardência;
– feridas ou lesões na mama;
– região da mama “afundada” ou retraída;
– mamilo que mudou de posição;
– mamilo virado para dentro.
Em pé, como braço levantado, observe se sente:
– caroço perceptível na mama;
– caroço perceptível na axila;
– veia dilatada na mama;
– textura da pele alterada;
– dores ao toque.