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Primeiro dia de The Town é marcado por chuva, gêneros musicais diversos e grandes atrações

Novidade e pluralidade. Essas são as palavras que resumem o primeiro dia do The Town, festival inédito dos mesmos organizadores do Rock in Rio, ocorrido neste sábado (2), no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

A frase usada pelo evento nas redes sociais, “quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez”, faz total sentido, considerando, sobretudo, a estrutura vista nessa data inaugural – diferente na cidade e semelhante à oferecida pelo festival irmão carioca – e ao “fator surpresa” de uma ocasião nunca ocorrida antes. Para além da música, o cuidado com a cenografia – inteiramente baseada na capital paulista -, banheiros “de verdade”, grama sintética (um tanto quanto alagada à noite por causa da chuva, perdendo o seu “propósito” de facilitar a circulação), terreno nivelado, som potente e disponibildade de transporte 24h atuaram como os principais destaques.

Já em relação à programação, diferentemente do dia 9, por exemplo, com line-up principal orientado ao rock, hoje o The Town englobou tudo, do jazz de Esperanza Spalding ao rap de Iggy Azalea. O mesmo vale para as diferentes atrações espalhadas pelo Autódromo.

Como forma de homenagear o companheiro Rock in Rio, o espaço Rota 85 passou um “filme”, relembrando a primeira edição de 1985. Havia um “tênis sujo gigante”, para fotos, uma espécie de capela e um orelhão, com uma mensagem especial de Roberto Medina. A ideia era ouvir o recado e então gravar um depoimento em voz, contando sobre a experiência de fazer parte do evento.

O São Paulo Square deixou ainda que um grupo de músicos e balé, apelidados de “Square”, dançassem na frente do palco e puxassem o público. Vestidos todos com roupas listradas e pretas, pegaram pela mão a plateia espalhada pelo chão, proporcionando um momento de descontração. Montanha-russa, roda-gigante, tirolesa (a mais concorrida) e megradop compuseram o circuito de brinquedos, cujas atividades acabaram interrompidas temporariamente pela chuva.

Mesmo com pouco público, a São Paulo Big Band, acompanhada de Alma Thomas, entregou um poderoso show de jazz no início da tarde. A cantora descreveu o momento como “lindo e especial”, agradeceu pelos gritos de “maravilhosa”, além de elogiar a banda e dedicar a performance para Altair Martins, trompetista que nos deixou recentemente. Já mais tarde, no mesmo espaço, o show instrumental de Hermeto Pascoal soou quase poético diante da queda d’água.

No The One, Criolo, junto do Planet Hemp, marcaram este 2 de setembro. Como um clássico show da banda envolvida, teve pedido de “roda” e, claro, performance de “Distopia”, parceria entre ambos. “A gente está feliz de estar com material novo depois de 22 anos. Estávamos numa posição confortável, com todo mundo conhecendo todas as músicas nos shows. Estávamos falando sobre se arriscar, sentimos essa necessidade. E a gente está aqui como convidado do Criolo, sensacional. Falamos como, com um ensaio, conseguimos uma intersecção, até de imagem, nos próprios telões. A gente conseguiu fazer uma amálgama maravilhosa que só deu certo porque está todo mundo em sintonia”, contou BNegão exclusivamente à Alpha FM. Criolo, sempre priorizando a percussão em suas apresentações, completou: “Acho que a percussão mostra uma raiz, né? Tudo vem dos tambores, tudo vem dessa energia ancestral, seja o mestre Daniel Ganjaman pegando esses beats e colocando NPC e fazendo esses vídeos consagrados pra todos, seja o Marcelo reinventando o seu próprio samba”. A declaração completa pode ser assistida aqui.

Em seguida, o show de luzes coloridas das pulseiras de LED entregues para o público pareceu um tanto quanto tímido, ofuscado pela tempestade. Mas, os fogos de artíficio, junto de uma curta performance de Ney Matogrosso de “América do Sul”, roubaram a cena. Deixaram um gostinho de quero mais, pelo impacto e simbolismo inerentes ao cantor – que trajava um figurino de asas de pavões.

Entrando nos “headliners”, Demi Lovato consagrou-se como a dona da noite. Mudar de gênero musical pode ser uma tarefa complicada. No entanto, a americana levou a missão com naturalidade. Ela, que desde a adolescência mostrava proximidade com o universo do rock e metal, decidiu, no ano passado, migrar de vez para a sonoridade. Fez um “funeral” para a antiga discografia, incorporou um novo estilo e estética, disponibilizou o disco “Holy Fvck” e deu uma nova roupagem para as performances das músicas.

Cada um dos itens foi comprovado em território brasileiro quando, em setembro do ano passado, a artista veio para shows no Rock in Rio, Belo Horizonte e São Paulo. De lá para cá, as coisas não mudaram. No The Town, ela parecia genuinamente feliz ao ver o coro sincronizado vindo dos admiradores em “Don’t Forget” e “Substance”, com os “eu te amo” gritados, e, além do look preto com detalhes nas cores do Brasil, arriscou palavras em português como “oi, gente”, “lindos”, “obrigada”, “amo o Brasil” e “beijos”. Acrescentou “Tell Me You Love Me”, queridinha dos fãs, no repertório, dedicou “La La Land” para os “Lovatics antigos” e colocou no set “Neon Lights” a pedido do fandom, responsável por subir a música para o topo do iTunes Brasil. Com um baixo marcante, a faixa pareceu muito mais atrativa.

“Todas as vezes que eu venho para o Brasil eu me sinto tão bem recebida e tão amada. Eu só posso dizer: obrigada”, pronunciou.

Visualmente, Lovato não parece mais a diva pop de antes, mas, por vezes, a persona ainda aparece nos vocais poderosos, conexão com os fãs apaixonados, resquícios de coreografia e refrães chicletes. Trazer o repertório recente e grande parte de seus hits para o palco Skyline foi um acerto. Não só para divulgar o “Revamped”, álbum de regravações rock com lançamento para este mês – mencionado por ela – , mas para entreter uma plateia composta por um, em tese, público variado (ainda assim, dominado por seus fãs). “Skyscraper” no teclado caiu como uma luva para uma multidão ensandecida, que clamava cada palavra de volta para a artista como um mantra. Com as lanternas dos celulares acesas, somadas às pulseiras de LED distribuídas, o momento ficou carregado de dramaticidade e emoção, sendo o ponto alto do set.

Ela, que sempre demonstrou carinho pelo Brasil, o incluindo em sua agenda de shows ano após ano (essa foi a décima primeira passagem dela por terras tupiniquins), levou esse amor para outro nível. Colaborou com a cantora Luísa Sonza na recém-lançada “Penhasco2” e cantou com a sua “nova amiga” a canção – toda em português- pela primeira vez ao vivo.

No geral, Nita Strauss fez falta. Guitarrista do Alice Cooper e integrante da banda de apoio (100 ٪ feminina) da cantora, a instrumentista, que funciona quase como uma atração a parte tamanho o magnetismo de seus solos, não apresentou-se desta vez por questões de agenda. Constance Antoinette empunhou a guitarra, enquanto Leanne Bowes (baixo) e Brittany Bowman (bateria) ocuparam as outras funções, trazendo o peso necessário para essa “nova fase” de Demi.

Indo para o “fechamento” do dia, Post Malone ganhou o jogo pelo carisma (fazendo até coraçãozinho com a mão e colocando girassol dado por fã na orelha), dancinhas e músicas radiofônicas. Sorridente e à vontade, o rapper – que entrou com uma blusa do Brasil e copo de cerveja na mão –  parecia estar na sala de casa. “Better Now” foi cantada em peso pela Cidade da Música, recheada de fogos para o momento. “Take What You Want”, com direito à solo de guitarra e chamas no palco, e “I Fall Apart”, com emoções à flor da pele, atuaram como as protagonistas do set – que, diga-se de passagem, ganhou uma iluminação extremamente interligada aos ritmos das faixas. Teve até fã no palco para tocar “Stay” com o artista e o próprio saindo do palco para dar uma voltinha!

“Eu só quero dizer obrigado por terem vindo. Sei que está frio e chovendo, mas estou aqui para curtir e fico feliz que estejam aqui”, disse no início. Mais adiante, mandou uma importante mensagem para os presentes: “Todos vocês são amados, sejam vocês mesmos, se expressem, sejam criativos, vivam suas vidas, vivam seus sonhos, vivam sua verdade”.

Até então, os cerca de 100 mil ingressos não estavam esgotados para essa primeira data. Pela manhã, a organização realizou uma postagem confirmando o “sold out”, que mostrou-se verdade, com toda a extensão do Autódromo ocupada, principalmente, as áreas entre o The One e Skyline – de curta distância, um grande acerto para o The Town, que optou por não colocar apresentações síncronas nos espaços. Entre as reclamações, figuraram as filas nos portões de entrada – com acesso demorado -, filas nas ativações e caixas, problemas nos trens, muitas poças e lama advindas da chuva, falta de sinalização e pouca distribuição de água nas grades, segundo relato de fãs. 

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